Holanda briga contra o quase

Holanda briga contra o quase

 

Sneijder é o armador da Holanda e pode desequilibrar para a OranjeSneijder é o armador da Holanda e pode desequilibrar para a Oranje


A Holanda já era vista como uma boa equipe antes mesmo da Copa de 2010. Contudo, era apenas boa. Não parecia ter a aura de campeã. Deveria cair assim que encontrasse um time melhor. Mas agigantou-se, superou Brasil e Uruguai, e quase foi campeã mundial. Quase, de novo: teve de ver a Espanha se consagrando de vez. Como quase se consagrara na Euro 2008, quando o time de Marco Van Basten passou brilhantemente pelo Grupo da Morte – para fracassar nas quartas, vencido pela velocidade e talento da Rússia. Enfim, a Oranje terá mais uma chance para mostrar porque é considerada uma das melhores seleções do mundo. Tal status caiu após alguns desempenhos, é verdade. Principalmente depois da derrota inapelável para a Alemanha, em amistoso no final do ano passado. O que não anula o fato de Bert van Marwijk continuar tendo à sua disposição algumas opções invejáveis. Robben e Sneijder dispensam comentários; Huntelaar e Van Persie fizeram a melhor temporada de suas carreiras; Van der Vaart, cresceu no Tottenham; Kuyt apresenta esforço incansável pelo time. Isso, para ficar só nos protagonistas.

Mas... há sempre um "mas" na trajetória holandesa. E ele é a defesa, como em tantas outras vezes. Mais precisamente, na lateral esquerda. Após Van Bronckhorst deixar o futebol, Erik Pieters, tímido no apoio e seguro na defesa, ganhara o posto. Mas duas microfraturas seguidas no pé esquerdo tiraram-no da Euro. E a canhota virou uma grande dúvida. Edson Braafheid, que era a grande opção (participou até da final da Copa), viu suas chances virarem pó após horrível atuação no amistoso contra a Alemanha.

Várias opções para o setor foram pré-convocadas. Alexander Büttner fez um “bate e volta”. Emanuelson reclamou do seu corte, mas a verdade é que desacostumou da lateral no Milan. O mesmo pode ser dito de Anita, escalado constantemente no meio-campo do Ajax. Os sobreviventes, então, foram Bouma e Jetro Willems. Provavelmente, caberá ao experiente Bouma, 33 anos, com duas Euros nas costas, ficar com a posição. Willems até demonstrou talento, teve ascensão rápida (em 2011, estava no Sparta Rotterdam, e era campeão europeu sub-17 com a seleção; agora, já está no PSV e na Euro), mas jogá-lo aos leões seria uma temeridade.

No resto da defesa, nada perfeito, mas é o melhor possível. Heitinga e Mathijsen não formam uma zaga dos sonhos, mas são esforçados ao extremo. Van der Wiel esteve boa parte da temporada às voltas com uma lesão na virilha, não tem na marcação seu ponto forte, mas consegue ser razoável na direita. E, no gol, Stekelenburg continua oferecendo relativa segurança, mesmo vindo de temporada irregular na Roma. E os reservas mantêm o nível: Vorm e Krul foram dois dos melhores goleiros do Campeonato Inglês.

No meio-campo, as coisas também são promissoras. Strootman se revelou um volante mais técnico do que Nigel de Jong. Em todo caso, este continua a postos para ser parceiro de Van Bommel, caso a defesa precise de mais proteção. E, do ataque, sempre se espera algo. Em que pese a má fase na Internazionale, Sneijder já mostrou o que pode fazer. O mesmo vale para Robben, sob pressão após fraquejar na final da Liga dos Campeões – sem contar o fato da conhecida propensão a lesões. No ataque, Huntelaar parece a melhor opção, num primeiro momento: suas atuações pela seleção são mais confiáveis do que as de Van Persie, embora este tenha sido artilheiro da Premier League. De quebra, há Luciano Narsingh, chegando com base na ótima temporada que fez pelo Heerenveen. E Luuk de Jong, ótimo no Twente.

Novamente, a Oranje parece uma equipe que tem de matar um leão por torneio para comprovar que é uma das grandes seleções da atualidade. Já era assim na Copa do Mundo. Será assim na Euro. Passar pelos adversários do difícil grupo B ajudará a aumentar a esperança de que as dúvidas sejam encerradas.

Número de participações: 8 participações (campeã em 1988)

Estará satisfeita se: for campeã. A sede da Holanda por títulos não é de hoje. Apesar de ser considerada uma das melhores seleções do mundo atualmente e como já fez em outras épocas, a necessidade de um título pode ser considerada até maior do que a vontade de manter um estilo. Com grande jogadores em boa fase, talvez seja a hora da Oranje.

 

Quero ver na Copa: alguns membros da geração atual já veem a idade chegando. Para trazer mais dor de cabeça ao técnico, eles estão na defesa, justamente o setor mais problemático do time: Boulahrouz fará 33 anos em 2014; Mathijsen, 34; Heitinga, 31... sem contar Van Bommel, de grande valia na proteção à zaga. Já com 35 anos agora, o meio-campista provavelmente deixará a Oranje depois da Euro. Felizmente, a reposição só deve atingir coadjuvantes. Os protagonistas (Robben, Sneijder, Van Persie, Huntelaar) ainda têm idade e talento para levar a Oranje facilmente ao Brasil. Até porque o grupo das Eliminatórias revelou-se bem razoável.

Elenco

Goleiros
1 Maarten Stekelenburg (Roma-ITA)
12 Michel Vorm (Swansea-GAL)
22 Tim Krul (Newcastle-ING)

Defensores
2 Gregory van der Wiel (Ajax)
3 John Heitinga (Everton-ING)
4 Joris Mathijsen (Málaga-ESP)
5 Wilfred Bouma (PSV)
13 Ron Vlaar (Feyenoord)
15 Jetro Willems (PSV)
21 Khalid Boulahrouz (Stuttgart-ALE)

Meio-campistas
6 Mark van Bommel (Milan-ITA)
8 Nigel de Jong (Manchester City-ING)
10 Wesley Sneijder (Internazionale-ITA)
14 Stijn Schaars (Sporting-POR)
17 Kevin Strootman (PSV)
20 Ibrahim Afellay (Barcelona-ESP)
23 Rafael van der Vaart (Tottenham-ING)

Atacantes
7 Dirk Kuyt (Liverpool-ING)
9 Klaas-Jan Huntelaar (Schalke 04-ALE)
11 Arjen Robben (Bayern Munique-ALE)
16 Robin van Persie (Arsenal-ING)
18 Luuk de Jong (Twente)
19 Luciano Narsingh (Heerenveen)